Amuletos da sorte
A superstição e a medicina popular fizeram sempre parte da vida de todos os humanos. Isto são traços muito marcantes da cultura. Algumas das mais poderosas simpatias, rezas e benzeduras foram repetidas de há séculos a esta parte e transmitidas de gerações em gerações. Entretanto, para que elas darem certo e surtirem os efeitos desejados, precisam acima de tudo que sejam feitas com toda a força do pensamento e que se acreditem piamente nelas.
Índios, negros e europeus, numa rica e inédita mistura de raças, ajudaram a formar o povo, que de há séculos se vem multiplicando e transmitindo, geração após geração, a cultura dos seus antepassados, sendo que, um dos traços mais fortes dessa cultura tradicional é a superstição e a crendice, típicas das populações rurais, mas que convivem muito bem com a televisão e valores contemporâneos, mesmo nos grandes centros urbanos.
Contacto de jesuítas com índios, as primeiras
misturas de crenças
Ninguém sabe por que não se deve passar debaixo de uma escada, mas ninguém passa. Não há explicação científica para os poderes atribuídos a plantas como a arruda, o Guiné ou o comigo-ninguém-pode. Mas mesmo quem mora em apartamentos dá um jeito de ter uma dessas três plantas (ou todas elas) num vaso, para espantar o azar.
Há quem diga que isso é tudo mentira, que não faz nenhum sentido, que é coisa de pessoas e países subdesenvolvidos. Mas muitos outros atribuem curas, soluções de todos os tipos de problemas e conquistas de objectivos importantes à ajuda de algumas simpatias, rezas ou benzeduras que aprendeu com alguém. Para os folcloristas e estudiosos do assunto, embora exista muita deturpação, inúmeras práticas tradicionais têm origem bem fundamentadas, e elas estão ligadas à própria história remota de cada povo.
A enorme gama de simpatias, rezas e benzeduras conhecidas no Mundo é resquício de religiões de nossos antepassados, seja do cristianismo, das religiões indígenas ou africanas. As rezas e o uso de óleo, vinho, sal e água são originários dos primórdios da Igreja Católica. O uso de outros objectos vem do totemismo - aquelas religiões que utilizavam objectos (plantas, animais e minerais) para representar divindades onde seriam direccionados os seus pedidos.
Provavelmente também já ouviu falar de amuletos ou talismãs - pequenos objectos (figuras, medalhas, figas) que tem poderes mágicos e que pode afastar o azar ou trazer sorte, possibilitando a realização de aspirações ou desejos. Esses amuletos são uma constante no comportamento humano e, desde a antiguidade, são encontrados nas mais variadas culturas. Geralmente feitos de pedra, pedaço de metal ou mesmo papel com uma inscrição gravada, os amuletos são usados, principalmente, em volta do pescoço, na carteira, em pequenos saquinhos junto ao corpo e presos a roupa interior, etc., para a protecção contra doenças e bruxarias e para afastar desgraças e malefícios, além de trazer a sorte.
Segundo as tradições dos Povos, o olho do boto ou do peixe-boi serve para conquistar as pessoas. Ouvir o canto de algumas aves garante a felicidade e conservar a pele do jurutau, ave de hábitos nocturnos, protege as moças virgens. A figa, que muitos acreditam ser de origem brasileira, já era um amuleto popular na Grécia e em Roma. Tendo sido usada para combater a esterilidade, também lhes são conferidos poderes contra o mau-olhado (poder maléfico atribuído ao olhar de certas pessoas, podendo provocar desgraças, doenças e até a morte). São inúmeros os amuletos e talismãs usados para afastar o mau-olhado e o azar, trazendo sorte e protecção contra doenças e bruxarias: pé-de-coelho, figa, ferradura, e ainda podemos citar o Trevo de 4 folhas.
O Trevo é uma planta herbácea cujas folhas são dotadas de três folíolos (folhas), e que crescem espontaneamente nas terras das regiões temperadas. Raramente é encontrado um Trevo de 4 folhas e, quando isto acontece, é interpretado como sinal de boa sorte. Por incrível que possa parecer, possuir um Trevo de 4 folhas traz sorte, possibilitando-se alcançar a realização de suas aspirações e desejos. Entretanto, para que o Trevo de 4 Folhas lhes dê sorte, o mesmo deve ser recebido de alguém e repassado para mais três pessoas.